Canabinoides Menores: o que são e potencial neuroprotetor

Canabinoides Menores e Seu Potencial Neuroprotetor: Uma Visão Médica

A Cannabis tem sido objeto de estudos intensivos nas últimas décadas, revelando um espectro de compostos bioativos que vão além dos mais conhecidos, Δ-9-Tetrahidrocanabinol (THC) e Canabidiol (CBD). Os canabinoides menores emergiram como moléculas promissoras com potencial terapêutico significativo, especialmente no campo da neuroproteção.

Este artigo é embasado no estudo científico “A systematic review of minor phytocannabinoids with promising neuroprotective potential” escrito por Nicole L. Stone, Alexandra J. Murphy, Timothy J. England e Saoirse E. O’Sullivan.

Neuroproteção: Uma Visão Geral

A neuroproteção refere-se a mecanismos e estratégias usados para proteger o sistema nervoso central contra lesões e degeneração. Isso é particularmente relevante em doenças neurodegenerativas, onde a perda progressiva de neurônios pode levar a sintomas debilitantes.

 

O que são Canabinoides Menores?

Os canabinoides são compostos químicos encontrados na planta Cannabis sativa L. Enquanto o Δ-9-Tetrahidrocanabinol (THC)  e o Canabidiol (CBD) são os mais estudados e amplamente reconhecidos, existem mais de 100 canabinoides na planta, muitos dos quais são referidos como “menores” devido à sua presença em menores concentrações.

 

Principais Canabinoides Menores e Resultados obtidos no Estudo

Canabigerol (CBG)

Um precursor não psicoativo de outros canabinoides, o CBG tem demonstrado potencial em modelos de doença de Huntington e epilepsia, com doses variando de 5 a 20 mg/kg.

Canabidivarina (CBDV)

Semelhante ao CBD em sua estrutura química, o CBDV mostrou eficácia em modelos de epilepsia e doença de Huntington, com doses variando de 0.2 a 400 mg/kg.

Canabicromeno (CBC)

Este canabinoide mostrou promessa em modelos de convulsão e hipomobilidade, com doses variando de 10 a 75 mg/kg.

Δ9-Tetrahidrocanabinólico ácido (THCA)

Embora seja o precursor direto do THC, o THCA em sua forma ácida não é psicoativo e mostrou promessa em modelos de convulsão e hipomobility, com uma dose de 20 mg/kg.

Tetrahydrocannabivarin (THCV)

Este canabinoide mostrou promessa em modelos de doença de Huntington e Parkinson, com doses variando de 0.025 a 2.5 mg/kg.

Canabinol  (CBN)

Geralmente aparece em quantidades menores e é conhecido por seus efeitos sedativos. Potencialmente útil para o tratamento da insônia, dor e inflamação.

Delta-8-THC (Δ-8-Tetrahidrocanabinol)

Compartilha muitas das mesmas propriedades terapêuticas que o Δ-9-Tetrahidrocanabinol (THC) (comumente referido apenas como THC), mas com efeitos psicoativos atenuados. Possui propriedades analgésicas, ansiolíticas e antieméticas. Além disso, o Delta-8-THC pode ajudar a estimular o apetite. Devido ao seu perfil psicoativo mais suave, é uma opção para pacientes que buscam alívio sintomático sem os efeitos intensos associados ao THC.

 

Benefícios dos Canabinoides na Neuroproteção

Os canabinoides menores têm demonstrado potencial em proteger o cérebro contra danos, reduzindo a inflamação, neutralizando os radicais livres e promovendo a homeostase celular. Eles também podem ajudar na regeneração neural e na modulação de sistemas de neurotransmissores.

Mecanismos de Ação

Os canabinoides menores, como CBG e Δ9-THCA, mediam seus efeitos neuroprotetores, pelo menos em parte, através do receptor nuclear PPARγ. O CBDV exerce alguns de seus efeitos antiepilépticos através dos canais TRPV1, enquanto o Δ9-THCV é um ligante do receptor CB1 e um possível agonista do receptor CB2.

Indicações para Neuroproteção

Os canabinoides menores têm potencial terapêutico em várias patologias, incluindo:

  • Doença de Huntington
  • Epilepsia
  • Doença de Parkinson
  • Lesões cerebrais traumáticas
  • Esclerose múltipla

Aplicação dos Canabinoides Menores no Tratamento

Para médicos e dentistas interessados em incorporar canabinoides menores em seus protocolos de tratamento, é essencial:

  • Considerar a dosagem, forma de administração e potenciais interações medicamentosas.
  • Monitorar e ajustar o tratamento conforme necessário, com base no quadro clínico e na resposta do paciente.
  • Lembrar sempre do efeito entourage, quanto mais canabinoides e outros componentes da planta, maior a propriedade terapêutica.

Conclusão: Por que Prescrever Canabinoides Menores?

Os canabinoides menores oferecem uma nova fronteira no tratamento de doenças neurodegenerativas e condições relacionadas. Eles representam uma abordagem promissora e menos psicoativa em comparação com o THC, possuindo um perfil de segurança favorável.

Logo, ao considerar os canabinoides menores como uma opção terapêutica, os médicos têm a oportunidade de oferecer tratamentos inovadores e potencialmente transformadores para seus pacientes.

 

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Referências Bibliográficas: 

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